TEATRO DE CALLE (VALLADOLID-ES)

 

Valladolid, na Espanha, foi a cidade onde por mais tempo vivi, depois de Brasília. Lá estive por temporadas durante os anos de 2004 e 2005, enquanto cursava meu doutorado. Capital da Comunidade Autônoma de Castilha e León, tem uma população de aproximadamente 400 mil habitantes na sua área metropolitana, que abrange 23 municípios. No Brasil seria considerada uma cidade de porte médio, mas não é uma cidade pequena para os padrões europeus.

No entanto, tem uma excelente qualidade de vida, pois alia as vantagens de uma área urbana dinâmica sem as desvantagens de uma grande metrópole. Isso faz com que os serviços urbanos sejam muito bons (transportes, saúde, educação, etc), assim como a qualidade e manutenção dos espaços públicos e do centro histórico reabilitado.

Apesar de estar longe de ter o movimento turístico de Madri ou Barcelona, seus monumentos e prédios históricos são bem preservados e há uma vida cultural ativa com eventos importantes como a Semana Internacional de Cine de Valladolid (Seminci), um dos mais reconhecidos na Europa. Os amantes do futebol melhor a conhecem pelo Real Valladolid, um dos mais destacados times espanhóis.


Mas há um outro evento cultural mais conhecido entre amantes das artes cênicas, mas tão impactante que me encantou desde a primeira vez que o assiti: o Festival deTeatro y Artes de Calle de Valladolid (TAC), que ocorre anualmente em março, mas que neste ano de 2020, devido à pandemia, se realiza agora em agosto. É a 21ª edicão do TAC Valladolid, que se celebra em condições especiais, mas não deixa de acontecer.

 

Nas edições mais recentes o número de apresentações tem ultrapassado 200 com mais de 60 companhias internacionais e um público estimado de 150 mil espectadores. O mais interessante é a diversidade de manifestações (teatro, dança, circo, clown, marionetes, bonecos e performances) ocupando vários espaços culturais e principalmente a rua.


E é na rua, em espaços abertos (praças, parques, ruas pedestriais), sem cobrança de ingressos, que ocorrem a maior parte dos espetáculos. Com a programação em mãos, traçava um roteiro de apresentações a assistir e saia pela cidade, de função em função. No Festival de Teatro y Artes de Calle de Valladolid pude vivenciar o quanto o cuidado com os espaços públicos estimula a cultura e arte e como estas também fazem com que estes espaços sejam valorizados e usados, em um círculo virtuoso.



Texto e Fotos: Sérgio Ulisses Jatobá


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