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Mostrando postagens de agosto, 2020

ÀS MARGENS DO DANÚBIO EM VIENA, DE BICICLETA.

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  Nas margens do Danúbio, chegamos de bicicleta. Havíamos as alugado para conhecer, sobre 2 rodas, o Ringstrasse, anel viário que contorna o centro de Viena. Há uma ótima rede de ciclovias na cidade e um serviço de aluguel (Citybike Wein) que gostaríamos de experimentar. No interessante giro ciclístico que fizemos pela área central, descobrimos pela primeira vez as delícias e responsabilidades de rodar por uma ciclovia em uma cidade na qual as bicicletas são importantes meios de transporte, mais do que só de lazer. E que é imperativo obedecer regras de trânsito, tal como se espera ao guiar um automóvel. Depois do Ringstrasse, rumamos para a beira-rio, que não estava longe. Às margens do Danúbio encontramos o Treppelweg, um calçadão próprio para passeios ciclísticos ou à pé. Nele pedalar se tornou bem mais tranquilo do que na área central e a paisagem, apesar de urbana, adquiriu ares bucólicos inesperados. Percorrer a beira-rio de bicicleta durante algumas horas foi muito prazer

PIRENÓPOLIS / GOIÁS (BRASIL)

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  Pirenópolis entrou na nossa vida há muito tempo, na já distante década de 1980. Os filhos eram pequenos e muitas vezes íamos com eles passar os finais de semana na simpática cidade colonial perto de Brasília. As opções de hospedagem não eram muitas naquela época. Ficávamos no Hotel Rex. Um dos mais antigos, senão o mais antigo hotel no centro. De lá para cá, Pirenópolis mudou muito, para melhor. Tornou-se um afamado destino turístico, a quantidade de pousadas, restaurantes e lojas multiplicou-se na mesma proporção do número de visitantes. A cidade soube administrar bem o boom turístico e a considero um dos sítios urbanos tombados melhor cuidados no Brasil. O Iphan local teve uma atuação exemplar e o melhor do patrimônio material e imaterial foi recuperado e preservado. Destaca-se a restauração da Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário, após o incêndio de 2002 e de vários outros edifícios e monumentos da cidade, como está documentado no belo livro  Barro, Madeira e Pedra escrito por

FOZ DO TATUAMUNHA / SÃO MIGUEL DOS MILAGRES (ALAGOAS)

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  " Para os bichos e rios, nascer já é caminhar ", diz João Cabral de Melo Neto no poema “O Rio”. O desembocar das águas de um rio no mar é bonito por si só, mas na foz marítima do rio Tatuamunha é especialmente belo. E se há encanto e poesia em um lugar, também há no nome desse lugar e de outros que lhe estão associados. O rio Tatuamunha divide os municípios de Porto de Pedras e São Miguel dos Milagres. Porto da Rua é o nome do pequeno povoado onde ficamos. Poucas casas, na sua maior parte simples, um número grande de pousadas e restaurantes, desproporcional ao de casas, revelando a vocação recente para o turismo de um ex-povoado de pescadores. Um centro que se resume a uma pracinha de interior, uma capelinha azul no centro de uma rotatória. A amplitude do mar em frente cresce na medida em que se caminha em direção à chamada “Boca do Rio”. Ali a areia se alarga imensamente na maré baixa e é possível caminhar como quem quer alcançar o horizonte, de um lado, ou apenas parar pa

CAFÉ ESPAÑA (VALLADOLID-ESPANHA)

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  A 15 minutos de caminhada do local em que eu morava em Valladolid, onde cursei meu doutorado, ficava o icônico Café España. Durante os 18 anos que existiu (1991-2009), essa casa de shows no estilo dos clubes de jazz nova-iorquinos se tornou uma referência para os amantes de boa música na capital da Comunidade de Castilla y León e além dela. As apresentações musicais aconteciam de terça à sábado. Nas terças-feiras, as atrações eram os músicos locais, alguns muito bons, nas quartas e quintas, artistas espanhóis e nas sextas e   sábados o pequeno palco era ocupado por uma estrela do jazz nacional ou internacional. No Café España assistimos aos memoráveis shows de Larry Willis Trio e Al Foster, famosos jazzistas, e também excelentes atuações de flamenco e fado. Durante sua existência ali tocaram Scott Hamilton, Ravi Coltrane, Eddie Henderson, Ran Blake, Chano Domínguez, Miguel Chastang, Diego El Cigala só para citar alguns. Brasileiros, como Chico Cesar e Silvana Malta também passaram po

GUIMARÃES (PORTUGAL)

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  A Vieira está lá, no meio da Praça de Santiago. Finalmente, a achei. Pus meu pé ao lado dela e tirei uma foto. Meus pés estiveram no caminho nesta viagem, mas do que normalmente. Os dias e os momentos em que estive só, andei o que pude. Foi assim em Porto, caminhando do Terminal dos Leixões, premiada como obra do ano na arquitetura européia, até à Foz do Douro e daí à Ponte da Arrábida. Foi assim em Guimarães, conhecida como “o Berço da Nação Portuguesa”, pois foi o centro do Condado Portucalense, que antecedeu a fundação do Reino de Portugal por D. Afonso Henriques, seu primeiro Rei. As Vieiras, símbolos que marcam a rota dos peregrinos no Caminho de Santiago, estão em outras ruas do centro histórico de Guimarães, gravadas nas suas pedras, que podem ter mais de 1000 anos, como a cidade (exatamente 1070 anos em 2020). Por sua importância na história de Portugal e por sua preservação e beleza, o centro histórico de Guimarães foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade em 2001. O c

TEATRO DE CALLE (VALLADOLID-ES)

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  Valladolid, na Espanha, foi a cidade onde por mais tempo vivi, depois de Brasília. Lá estive por temporadas durante os anos de 2004 e 2005, enquanto cursava meu doutorado. Capital da Comunidade Autônoma de Castilha e León, tem uma população de aproximadamente 400 mil habitantes na sua área metropolitana, que abrange 23 municípios. No Brasil seria considerada uma cidade de porte médio, mas não é uma cidade pequena para os padrões europeus. No entanto, tem uma excelente qualidade de vida, pois alia as vantagens de uma área urbana dinâmica sem as desvantagens de uma grande metrópole. Isso faz com que os serviços urbanos sejam muito bons (transportes, saúde, educação, etc), assim como a qualidade e manutenção dos espaços públicos e do centro histórico reabilitado. Apesar de estar longe de ter o movimento turístico de Madri ou Barcelona, seus monumentos e prédios históricos são bem preservados e há uma vida cultural ativa com eventos importantes como a Semana Internacional de Cine de Vall

PIAZZA DEL CAMPO (SIENA)

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  A Piazza del Campo em Siena é uma das mais belas praças do mundo. Jan Gehl, o urbanista da moda, diz que ela possui todos os critérios que um excelente espaço público deve ter, como escala humana, local para caminhar, sentar, coisas para fazer e proteção contra   tráfego de veículos. Não precisei ouvir Gehl para descobrir isso quando a conheci em 2009. Na verdade, existem vários espaços públicos que atendem a estes critérios, mas poucos estabelecem uma forte empatia espacial com as pessoas como a   Piazza del Campo. Chegamos à Siena pela manhã para uma visita bate-volta, pois estávamos hospedados em Florença. A Piazza del Campo era um dos locais a ser visitado, mas chegamos até ela inesperadamente enquanto caminhávamos pelas ruas do centro histórico. De repente, vislumbramos a praça por uma de suas entradas, com sua amplitude que atraia de forma irresistível e a imponência da Torre Mangia se oferecendo à vista. Além dos já mencionados, há outros motivos que tornam a Piazza del Campo

HUTONGS EM PEQUIM

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  Nosso hotel em Pequim ficava próximo à Cidade Proibida. Ao sair para explorar a área urbana em volta, reparei algumas pequenas portas de madeira que abriam diretamente para a rua. Inicialmente pensei que fossem entradas para residências, como é comum encontrar em cidades tradicionais, como as que a gente vê nas coloniais brasileiras. Mas ao passar em frente a uma delas, no momento em que dali saia uma pessoa, vi que além daquela estreita porta se abria uma ruela típica de uma vila de casas. Curioso, no dia seguinte decidi me aventurar por uma dessas vilas escondidas na área central de Pequim e descobri um dos mais antigos hutongs da cidade.  Durante a Dinastia Ming (Sec. XV) os nobres e aristocratas podiam viver no entorno do Palácio Imperial (Cidade Proibida) em residências organizadas em torno de pequenos pátios (siheyuan). A reunião de vários  siheyuans formavam um hutong, espécie de quarteirão com ruelas ordenadas em malhas ortogonais, que podem ser considerados um dos mais antig