FOZ DO TATUAMUNHA / SÃO MIGUEL DOS MILAGRES (ALAGOAS)
"Para os bichos e rios, nascer já é caminhar", diz João Cabral de Melo Neto no poema “O Rio”. O desembocar das águas de um rio no mar é bonito por si só, mas na foz marítima do rio Tatuamunha é especialmente belo. E se há encanto e poesia em um lugar, também há no nome desse lugar e de outros que lhe estão associados.
O
rio Tatuamunha divide os municípios de Porto de Pedras e São Miguel dos
Milagres. Porto da Rua é o nome do pequeno povoado onde ficamos. Poucas casas, na
sua maior parte simples, um número grande de pousadas e restaurantes,
desproporcional ao de casas, revelando a vocação recente para o turismo de um
ex-povoado de pescadores. Um centro que se resume a uma pracinha de interior,
uma capelinha azul no centro de uma rotatória.
A
amplitude do mar em frente cresce na medida em que se caminha em direção à
chamada “Boca do Rio”. Ali a areia se alarga imensamente na maré baixa e é
possível caminhar como quem quer alcançar o horizonte, de um lado, ou apenas
parar para observar o rio, do outro. As cores das águas mais escuras do
Tatuamunha se fundem com as águas claras do mar e da areia e criam uma pintura
abstrata, se vista do alto.
Uma
caminhada pela praia até o encontro das águas, ao cair da tarde, pode ser um
deleite para os sentidos: as várias perspectivas e cores para o olhar, ouvir os
sons ruidosos das ondas e os silêncios do rio, sentir os odores da maresia,
tocar a pele da areia, beber de todas essas fontes.
Na
nossa frente, alheio à paisagem, mas totalmente impregnado dela, alguém escrevia
poemas efêmeros na areia.
PS
– Além da Foz do Tatuamunha, há outros locais encantadores nas proximidades,
alguns deles: 1) a praia da Laje/Patacho, 2) o Santuário do Peixe-Boi, 3) a
sede do município de São Miguel dos Milagres, com sua graciosa igrejinha
(Igreja Nossa Senhora Mãe do Povo – 1637/39).
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