ANDALUZIA DE MOUROS, JUDEUS E CRISTÃOS

Yo soy un moro judío


Que vive con los cristianos


No sé que dios es el mío


Ni cuales son mis hermanos” 


(Jorge Drexler em Milonga del Moro Judío)


O ano 1492 marca o final do período conhecido como a Reconquista da Península Ibérica pelos reinos cristãos. Ela se iniciou em 718, sete anos após a primeira ocupação muçulmana ao território dos visigodos no Reino da Hispânia, mas levou oito séculos para se concretizar totalmente. Ali os mouros estabeleceram “Al-Andaluz”, como passou a ser conhecida a Península Ibérica sob o domínio do Califado Omíada. O termo deu origem à Andaluzia, que posteriormente passou a designar somente a comunidade autônoma ao sul da Espanha, que engloba as cidades de Sevilha, Granada e Córdoba.


Córdoba foi capital do Emirado de Córdova, estabelecido no ano de 756, e Granada a capital do Reino de Násridas, o último reduto do poder islâmico antes da Reconquista da Península pelos Reis Católicos Fernando e Isabel.

Antes da chegada dos muçulmanos, a população da Península Ibérica era predominantemente cristã, mas na medida em que o domínio árabe se fortalecia, a população moura foi aumentando proporcionalmente até se tornar maioria no século X. Ela não era formada somente imigrantes do Norte da África, mas principalmente pelos descendentes dos ibéricos convertidos ao islamismo. Também havia os moçárabes, descendentes de cristãos, que mesmo não se convertendo ao islamismo, adotaram parte da cultura e língua árabes.


A população de judeus também era significativa e sua convivência com os mulçumanos nos primeiros séculos da ocupação é reconhecida como bem melhor do que a que havia entre cristãos e judeus, o que fez como que historiadores reconheçam esse período como a “Idade do Ouro” da cultura judaica.

De fato, existiu um período de tolerância religiosa entre muçulmanos, cristãos e judeus na Península Ibérica durante os anos de 711 a 1031-1066, que não repetiu jamais na história. Considere-se que mesmo havendo liberdade de culto e diversidade de culturas durante esse período, a superioridade e privilégios da cultura muçulmana não eram contestados. Também havia interesses econômicos (pois cristãos e judeus pagavam mais impostos) e diplomáticos nesse bom relacionamento.
Testemunhos desse entrelaçamento cultural mouro-judio-cristão estão presentes em vários aspectos da história ibérica como língua, culinária, costumes, ciência, artes e arquitetura. Eles existem por toda a Península Ibérica, mas se destacam mais na Andaluzia. Na arquitetura se pode citar como exemplos a Mesquita de Córdoba (que antes fora uma basílica cristã e foi convertida em Catedral após a Reconquista), a Giralda da Catedral de Sevilha (minarete convertido em torre da Catedral) e a Torre de Ouro em Sevilha, fortificação militar construída às margens do rio Gualdaquivir. Em Granada há a já bem conhecida Alhambra, palácio do Reino Nasrida de Granada e o bairro judeu de Albaicín.  

Os padrões geométricos da arte islâmica aparecem nas formas arquitetônicas, nos mosaicos, cerâmicas, tecidos, metais, utensílios e manuscritos. O círculo é o elemento geracional dos padrões, complementado pelo quadrado e pela a linha reta. Três princípios básicos formam os padrões: 1) a repetição dessas figuras simples em interseções e duplicações, formando intricadas combinações que geram grelhas de quadrados, triângulos e hexágonos; 2) são bidimensionais, usam o contraste entre luz e sombra e não usam a noção de perspectiva, comum na arte ocidental; 3) comportam repetições e extensões infinitas a partir de uma determinada trama. As mandalas ou círculos mágicos, como as designava Jung, são construídas a partir de princípios semelhantes ao da arte islâmica.


 

 

 



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