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Mostrando postagens de julho, 2020

SAINT MALO E TODA A LUZ QUE NÃO PODEMOS VER

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“Toda Luz Que Não Podemos Ver” é um romance de Anthony Doerr, ambientado na cidade de Saint Malo, localizada na costa da Bretanha. Mais especificamente no seu sítio histórico, cercado por muralhas construídas no seculo XII. A cidade fundada por romanos no Sec. I a.C. tem sua história marcada por navegadores e corsários, que de lá saíram para invadir o Rio de Janeiro e fundar no Brasil a França Antártica em 1711, que resistiu durante 5 anos antes da retomada portuguesa. Na história mais recente, a Saint Malo intramuros foi quase totalmente destruída pelos bombardeios e batalhas entre as forças aliadas e nazistas na Segunda Guerra Mundial. É nesse cenário de guerra que se passa o romance.   “Saint Malo: a água costeia a cidade em quatro lados. Sua ligação com o restante da França é tênue: uma ponte, uma restinga, uma língua de areia. Somos cidadãos de Saint Malo em primeiro lugar, dizem os moradores. Depois, bretões. Franceses, em última alternativa. Sob a luz da tempestade, seu granito

CUENCA – a cidade das casas colgadas

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" Et qui custos est Domini sui glorificabitur " era a inscrição gravada na parede do nosso quarto na Posada San Jose em Cuenca, Espanha. Parte de Provérbios 27, versículo 18 da Biblia, que significa: "aquele que ministra ao seu Senhor será honrado", esse é o registro original que estava na parede do antigo Colegio de Infantes de Coro de la Catedral de San Jose, edificação construída em 1621 pelo genro e colaborador do pintor Velázquez, transformada em pousada em 1953. A Posada San Jose está situada a 50 metros da Catedral e da Plaza Mayor da Cidade Alta de Cuenca. Pio Baroja, em seu romance “ La nave de los locos ”, registra suas impressões ao ouvir, desde os terraços da Catedral, o coral de meninos do Colégio. A Catedral (1182), de estilo gótico, diz a lenda, de inspiração templária, será a única a sobreviver ao Apocalipse, segundo as “Centúrias” de Nostradamus e nela estaria escondido e preservado o Santo Graal. Já os quartos da Posada conservam a sin

EXPLORANDO ABISMOS EM RONDA (ANDALUZIA)

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Ronda tem o impacto dos lugares inesperados. De fato, o que é mais belo e impactante n essa cidade situada em Andaluzia, Espanha, são as vistas que se tem dos miradores proximos a Puente Nova e ao hotel onde ficamos. Os desfiladeiros e as vistas são deslumbrantes. Hemingway gostava de Ronda, assim como outros poetas e escritores. A cidade é inspiradora e seus abismos fascinam, assustam e parecem explicar a alma dos personagens exploradores do abismo que povoam o livro de contos do escritor espanhol Enrique Vila-Matas . “O abismo não nos separa, ele nos cerca. Foi o que escreveu Wislawa Szymborska com palavras polonesas, e também por escrito afirmou que ao cairmos no abismo, desabamos de um céu a outro. Não há separação entre uma coisa e outra. Tudo é abismo. Nos contos de Exploradores do Abismo, Vila-Matas estende uma corda para equilibristas que não pareem tão interessados na travessia, mas sim em mergulhar em si mesmos, explorar o vazio, desaparecer no abismo que é a vida

Manuel Bandeira, a Lapa e um Beijo de Colombina

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A rua Morais e Vale fica no bairro da Lapa, cidade do Rio de Janeiro, já quase Gloria. Escondida por trás da Praça Paris, o melhor acesso é pela rua Teixeira de Freitas, próximo ao Passeio Público. É uma pequena e estreita rua, com sobrados típicos do Rio Antigo e da zona boêmia que ali reinou até os anos 1920/30. Lá, no número 57, morou durante 10 anos Manuel Bandeira em tempos de dureza financeira. Apesar de vislumbrar parcialmente a visão da Praça Paris e uma nesga do mar da janela do seu pequeno apartamento, a paisagem marcante para Bandeira naquele local era o beco que ficava logo em frente. Mais precisamente, o Beco das Carmelitas, zona de prostituição famosa à época. No “Poema do Beco”, que está no livro Estrela da Manhã, Bandeira descreve essa visão: “Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte? O que eu vejo é o beco”  (Manuel Bandeira/Poema do Beco). O Beco para Bandeira era o retrato social de um Rio já marcado por contradições. Mas apesar dessa visão um