PIRENÓPOLIS / GOIÁS (BRASIL)


 Pirenópolis entrou na nossa vida há muito tempo, na já distante década de 1980. Os filhos eram pequenos e muitas vezes íamos com eles passar os finais de semana na simpática cidade colonial perto de Brasília. As opções de hospedagem não eram muitas naquela época. Ficávamos no Hotel Rex. Um dos mais antigos, senão o mais antigo hotel no centro.

De lá para cá, Pirenópolis mudou muito, para melhor. Tornou-se um afamado destino turístico, a quantidade de pousadas, restaurantes e lojas multiplicou-se na mesma proporção do número de visitantes. A cidade soube administrar bem o boom turístico e a considero um dos sítios urbanos tombados melhor cuidados no Brasil.

O Iphan local teve uma atuação exemplar e o melhor do patrimônio material e imaterial foi recuperado e preservado. Destaca-se a restauração da Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário, após o incêndio de 2002 e de vários outros edifícios e monumentos da cidade, como está documentado no belo livro Barro, Madeira e Pedra escrito por Sílvio Cavalcante e Neusa Cavalcante. 

Além do patrimônio, das cachoeiras e da gastronomia, Pirenópolis também é bastante conhecida por suas festas, as Cavalhadas e a do Divino do Espírito Santo. Heranças religiosas da Península Ibérica, assim como o nome da cidade e da serra que lhe é vizinha, inspirados nos Pirenéus europeus.   

Mas há algo comum às cidades coloniais que me encanta em Pirenópolis: as casas que se deixam invadir pelo olhar. E lhe convidam a entrar. Expressam o espírito hospitaleiro dos que a habitam. Pelo vão do corredor central se vislumbra a luz do quintal, ligando visualmente o espaço privado ao espaço público. A intimidade do lar não se devassa, a rua não é hostil, o quintal é um resquício do rural que ainda estava presente nos primórdios urbanos do país.

Sobre Pirenópolis, assim falou Auguste de Saint-Hilaire em “Viagem às Nascentes do Rio São Francisco e pela Provìncia de Goiás” (1851):

“Da praça em que está situada a igreja paroquial, descortina-se a vista mais agradável, talvez, que eu tenha admirado desde que comecei a viajar pelo interior do Brasil”. (...)


Texto e Fotos: Sergio Ulisses Jatobá

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