GUIMARÃES (PORTUGAL)

 

A Vieira está lá, no meio da Praça de Santiago. Finalmente, a achei. Pus meu pé ao lado dela e tirei uma foto. Meus pés estiveram no caminho nesta viagem, mas do que normalmente. Os dias e os momentos em que estive só, andei o que pude. Foi assim em Porto, caminhando do Terminal dos Leixões, premiada como obra do ano na arquitetura européia, até à Foz do Douro e daí à Ponte da Arrábida.

Foi assim em Guimarães, conhecida como “o Berço da Nação Portuguesa”, pois foi o centro do Condado Portucalense, que antecedeu a fundação do Reino de Portugal por D. Afonso Henriques, seu primeiro Rei.


As Vieiras, símbolos que marcam a rota dos peregrinos no Caminho de Santiago, estão em outras ruas do centro histórico de Guimarães, gravadas nas suas pedras, que podem ter mais de 1000 anos, como a cidade (exatamente 1070 anos em 2020). Por sua importância na história de Portugal e por sua preservação e beleza, o centro histórico de Guimarães foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade em 2001.


O conjunto arquitetônico e urbanístico formado pelo Largo da Oliveira e Praça de Santiago possui edifícios de alto valor artístico e patrimonial como a Igreja Nossa Senhora da Oliveira, o Museu de Alberto Sampaio e a antiga Casa da Câmara.


No Largo está o Padrão do Salado, monumento gótico do período medieval e a seu lado a secular Oliveira, cujo óleo das suas olivas alimentava a luz que iluminava a imagem da Santa Maria de Guimarães, no interior da igreja. Um dia a oliveira secou e em 1342 um comerciante local ofereceu, como promessa, uma cruz, colocada sob o Padrão do Salado, resultando no dito milagre que fez renascer a oliveira, que assim passou a denominar essa praça.

As ruas do centro histórico de Guimarães ficam cheias de turistas durante o dia, mas a noite morrem, quase desertas. A chuva e o frio do outono de 2017, quando a visitei, acentuavam a melancolia noturna, mas também aumentavam a sua carga poética.


Quanto retornei dessa viagem em que ela não pode estar, Divina me disse:

“A beleza de caminhar sozinho

é poder ficar em silêncio

e ouvir o que as pedras, as ruas, a história podem nos contar.

Sentir lembranças nunca vividas

é um dos poderes legados aos viajeros silentes” (Divina Jatobá)


 Guardei essas palavras como um poema que ofereço à minha visita à Guimarães.

 

Texto e Fotos: Sérgio Ulisses Jatobá

 


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