ROTEIRO ARQUITETÔNICO EM TÓQUIO
Na nossa primeira viagem ao
Japão, em 2015, comentei com nosso filho Júlio e a nora, Megumi, que é
japonesa, que gostaria de visitar algumas obras de arquitetura na nossa estadia
em Tóquio. Citei uns dez projetos que gostaria de conhecer, mas disse que me
contentaria em visitar somente quatro ou cinco deles, porque sabia que, dentre
tantas atrações turísticas na cidade, o nosso tempo era restrito para ocupá-lo
com um roteiro arquitetônico, que seria mais do meu interesse individual.
A resposta que obtive foi surpreendente: um roteiro completo, elaborada por Megumi, incluindo as dez obras citadas, programado para um dia inteiro de visitas, com todas as estações e viagens de metrô previamente pesquisadas, percursos a pé, tempos de deslocamentos e visitas, horários definidos e todo périplo organizado e otimizado para atingirmos nosso objetivo em aproximadamente 12 horas. De modo que eu não ficaria sem conhecer todas as obras citadas e não atrapalharia os demais dias de visitas programadas em Tóquio.
Na verdade, mesmo sendo
alguém que prioriza o planejamento em viagens, a meticulosidade, organização e
atenção da minha nora, típicas do caráter japonês, me superam em muito e me
encantaram. No Japão o bem-estar do outro é uma missão que se cumpre com prazer
e zelo. Executá-la bem enobrece ao que serve e a gratidão do que é servido é um
troféu.
A seguir apresento breves
informações e impressões de algumas das obras de arquitetura visitadas:
Catedral de
Santa Maria / St. Mary Cathedral (Arq. Kenzo
Tange) – um dos templos religiosos mais icônicos no mundo, finalizado em 1964,
tem planta baixa em forma de cruz e uma sofisticada geometria formal, constituída
por oito parábolas hiperbólicas que são ao mesmo tempo cobertura e paredes. A esbeltez
e beleza da torre é outro destaque da construção (Foto 1).
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Foto 1 |
Torre
Cápsula Nakagin / Nakagin Capsule Tower (Arq. Kisho
Kurokawa) – outro projeto icônico da arquitetura mundial e do metabolismo
japonês. Formada por 140 cápsulas pré-fabricadas de concreto, que configuram micro
apartamentos com 6,25 metros quadrados. Um projeto conceito para uma metrópole
superpopulosa, as cápsulas de Kurosawa são uma prefiguração de uma tendência de
habitação individual com dimensões mínimas que cresce nas grandes cidades.
Mesmo assim, o prédio está em mau estado de conservação e corre o risco de ser
demolido (Foto 2).
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Foto 2 |
Fórum
Internacional de Tóquio / Tokyo International Forum (Arq. Rafael Viñoly) – Um dos mais importantes centros culturais
e de convenções do Japão. O projeto foi resultado de um concurso internacional
vencido pelo arquiteto uruguaio Rafael Viñoly. O átrio central (Glass Hall) é
uma magnífica estrutura de aço e vidro com 60 metros de altura formada por duas
paredes curvas que se interceptam em dois pontos, formando uma grande praça
central (Foto 3).
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Foto 3 |
Edifício De
Beers Ginza (Arq. Jun Mitsui e Associados) – é um dos destaques
arquitetônicos do movimentado distrito comercial de Ginza. As curvas sinuosas
dão movimento e sensualidade ao edifício, criando interessantes reflexos de luz
na fachada em aço inox (Foto 4).
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Foto 4 |
Mode Gakuen Cocoon Tower (Arq. Tange e Associados) – Inaugurada em 2008,
três anos após a morte de Kenjo Tange, a torre, projetada pelo seu escritório,
atualmente chefiado por Paul Tange, seu filho, recebeu o prêmio de arranha-céu
do ano em 2008 (Foto 5).
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Foto 5 |
Design Sight (Arq. Tadao
Ando) – Tadao Ando é dos meus arquitetos preferidos na arquitetura
contemporânea porque tem uma confessa influência da arquitetura moderna
brasileira em sua obra. O único projeto dele que consegui visitar em Tokyo foi
o museu Design Sight, elegante edifício com uma concepção formal não imponente,
mas que se destaca pela sua inserção suave na paisagem de um parque urbano
(Foto 6).
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Foto 6 |
Loja Dior Ometesando (Arq. SANAA)
– No luxuoso distrito comercial de Ometesando estão concentradas as principais
lojas de grife de Tóquio, destacadas pela arquitetura marcante. Uma delas é a caixa
translúcida da Dior, que se sobressai especialmente à noite (Foto 7).
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Foto 7 |
Loja Prada Aoyama (Arq. Herzog
& De Meuron) – Outra escultura arquitetônica em vidro, localizada em
Ometesando, projetada pelo estelar escritório Herzog & De Meuron (Foto 8).
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Foto 8 |
Sede Fuji TV (Arq. Kenzo Tange) – Um dos edifícios símbolos do
metabolismo japonês. Finalizado em 1996, está localizado no waterfront de
Odaiba na baia de Tóquio. O edifício atrai atenção pela aparência estranha. São
duas torres conectadas por quatro passarelas e interceptadas por uma grande
esfera de 32 metros de diâmetro (Foto 9).
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Foto 9 |
Asahi Beer Hall (Arq. Philippe Starck) – Outro edifício que se destaca na
arquitetura contemporânea de Tóquio pela estranheza e exuberância das formas. A
grande flama dourada sobre a cobertura do prédio foi executada com técnicas de
construção naval e não tem nenhuma função a não ser criar um marco na paisagem
urbana (Foto 10).
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Foto 10 |
Texto e Fotos: Sergio Jatobá
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