A CULTURA CHINESA DO CHÁ EM MACAU E SUA RELAÇÃO COM PORTUGAL E BRASIL

A palavra cha (茶 ) tem a mesma fonética em mandarim e em português. Não é por acaso. Macau, colônia portuguesa desde o Sec. XVI, foi a primeira porta de acesso à cultura do chá para o ocidente. As missões comerciais portuguesas à Macau assimilaram a forma como ouviam os chineses pronunciaram o nome do produto e o adotaram, porém com a grafia portuguesa.
A cultura do chá, também presente no Japão, com algumas diferenças, tem origem, segundo a lenda chinesa, com o imperador Shen Nong (神农), que quando fervia água, próximo a uma árvore, não percebeu que no recipiente caíram algumas de suas folhas. Após tapá-lo, percebeu um agradável aroma que dele exalava e resolvendo provar da água, descobriu uma deliciosa bebida.
No Brasil a primeira aproximação com a cultura chinesa do chá ocorre quando Dom João VI decide trazer cerca de 500 chineses de Macau para trabalhar no seu cultivo em terras brasileiras. Não houve o êxito esperado, mas iniciou-se ali uma ligação importante entre as duas nações.
A Casa Cultural de Chá de Macau, situada no Jardim de Lou Lim Ioc, preserva a memória e a tradição da cultura chinesa do chá. Seu edifício, de arquitetura colonial portuguesa, teve o seu interior remodelado com elementos da arquitetura chinesa, evidenciando o encontro das duas culturas em Macau.
A CERIMÔNIA DO CHÁ “Os chineses praticam uma forma de cerimônia do chá chamada Gong Fu (功夫茶), que tem algumas semelhanças e muitas diferenças com a cerimónia do chá japonesa, que é mais conhecida. Em uma cerimônia de estilo Gong Fu, o mestre do chá que prepara a bebida para o grupo é considerado um artista. Os estilos para verter a água e o chá variam e os mestres dedicam muito tempo praticando manobras difíceis e artísticas.
Normalmente, os utensílios básicos usados para essa cerimônia são um bule de argila Yi Xing (宜兴) e várias xícaras pequenas, uma pia de chá ou uma tigela rasa para drenar a água e algumas ferramentas de bambu para manusear os objetos quentes. O mestre do chá organiza o bule e as xícaras de maneira circular sobre a pia de chá ou na tigela e derrama a água quente em cada uma para enxaguar os objetos e aquecê-los, de modo que a temperatura do chá seja mais consistente. A água de enxágue é descartada e, em seguida, uma porção generosa de folhas de chá, geralmente oolong, é colocada no bule.
Mais água quente é despejada no bule com as folhas de chá. Cada infusão na cerimônia de Gong Fu é muito rápida, cerca de 30 segundos, embora o tempo nunca seja preciso. Segundo uma tradição, a água quente é derramada sobre a parte externa do bule e, quando a água é vista como totalmente evaporada, o chá está pronto para ser servido.
Em outra tradição, o mestre do chá deve contar 4 respirações profundas. Qualquer um desses métodos leva aproximadamente de 30 segundos. Então o mestre do chá começa a servir cada uma das xícaras, um pouco de cada vez, para que cada pessoa tenha a mesma quantidade e força de chá em seu copo. Depois de desfrutar desta primeira rodada de chá, as folhas podem ser reutilizadas para outras infusões.” Fonte: https://ibrachina.com.br/cultura/cha/

Texto e Fotos: Sérgio Ulisses Jatobá (com exceção dos trechos em itálico com fonte citada)


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