MARBELLA

 

Marbella é uma cidade com pouco mais de 140 mil habitantes, situada na comunidade de Andaluzia, perto de Málaga. Por estar na Costa do Sol, afamada faixa de veraneio no Mediterrâneo e ser ponto de embarque de barcos para Ibiza, é conhecida mais como cidade baladeira e point de celebridades. Não fomos até lá por conta dessa fama e sim para encontrar uma amiga, que ali residia e nos recebeu muito bem, além de nos mostrar um outro lado de Marbella.

Começamos pelo centro histórico (casco viejo), que é pequeno e não tem a riqueza patrimonial das cidades andaluzes mais conhecidas, mas é muito simpático e agradável de caminhar. Tem a mesma aparência dos centros de Córdoba, Sevilha, Granada e alguns pueblos da Andaluzia, com casas brancas, flores nas sacadas, pátios árabes, elementos mouriscos em azulejos, portas e janelas. O tamanho reduzido, porém, lhe dá uma intimidade que cria empatia com o visitante.

Depois fomos ao inevitável passeio na rambla à beira-mar (Passeo Marítimo) repleta de bares, coqueiros, muitos turistas circulando, principalmente ingleses, alemães, gregos e clima de praia. O entardecer no sábado era propício a um drink. Nos acomodamos em um dos bares, onde a hostess era uma bela jovem africana e a garçonete uma menina inglesa que provavelmente trabalhava na temporada de férias. Bebemos Mojito, por sinal muito bom, e quase me inebriei na ilusão de estar em dos episódios da “Ilha da Fantasia”, famoso seriado na década de 1970.

No dia seguinte nos afastamos da Marbella balneário para subir as montanhas em busca de suas raízes mais andaluzas. Istán é um pueblo com 1400 habitantes, situado ao pé da Sierra de las Nieves a apenas 15 km ao norte de Marbella. Durante a Reconquista, ali os mouros foram isolados, pois não podiam viver na faixa litorânea. Um dos pontos marcantes da presença mourisca é o chamado “El Chorro”, chafariz, fonte de água e “lavadero”, onde até hoje a vizinhança mantém o hábito de lavar roupas. Um chafariz tal como os que vemos nas cidades coloniais brasileiras e espanholas, memoriais de um tempo em que não existia água canalizada e esses locais eram importantes pontos de socialização.


Na paisagem branca e histórica de Istán, afastada da agitação de Marbella, a tranquilidade era tanta que até cachorros se sentam em frente às casas para observar a vida passar.


Texto e Fotos: Sergio Jatobá


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