A MEZQUITA DE CORDOBA (ANDALUZIA)
Nossa viagem à Andaluzia começou em Madri, na Estação Atocha. No trem para Cordoba o céu se nublou. Mas a chuva só veio a cair no domingo a tarde, quando saíamos da Mezquita. Há muitos anos não fazia tanto calor como nos quatro dias anteriores à nossa chegada à cidade que foi nossa porta de entrada em Andaluzia.
Chegamos em um sábado pela manhã. Nosso hotel ficava na Calle Romero Bastos, no coração do centro histórico, a apenas 8 minutos à pé da Mezquita. Mas só fomos visitá-la no dia seguinte. Antes, percorremos todo o centro, passando por fora dela, admirando primeiro o seu exterior, preparando-nos para a visita interna, que já imaginávamos surpreendente, no domingo.
A
Mezquita é uma construção “quase impossível”, como álguem já disse. Uma
mesquita mulçulmana dentro de uma catedral católica, situada no meio de um
bairro judeu. Um exemplo da convivência religiosa entre três culturas tão
díspares? Na verdade, a história mostra que nesse caso foi bem o contrário. A
grande mesquita de Qurtubah foi edificada por Abd ar-Rahman entre
os anos 786 a 788, quando Córdoba era a capital do reino muçulmano de Al-Andaluz.
No local existia a Basílica visigoda de San Vicente, cujos resquícios arqueológicos
ainda podem ser vistos no subsolo da Mezquita. No século X, os muçulmanos fizeram
acréscimos sucessivos no edifício: a torre minarete, o Mihrab, o
belíssimo nicho de oração e a Maqsura, recinto do califa. Por último foi
acrescentado o Pátio de Los Naranjos.
Houve sim, na história da Península Ibérica, um momento de convivência mais tolerante entre árabes, judeus e católicos, durante os anos de 711 a 1031/1066, e que não se repetiu depois. A reunião dos homens em grupos sociais, que possibilitou o grande salto civilizatório da espécie humana, também os separou em clãs que, na medida em que fortaleciam os laços entre os que consideravam iguais, muitas vezes se apartavam mais dos que consideravam diferentes. Assim seguem árabes, judeus e católicos, até que uma nova janela de tolerância mútua se abra e não se feche jamais.
Texto e Fotos: Sérgio Jatobá
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