LA GUARDA (ESPANHA)
Decidi visitar “La Guardia” (ou “La Guarda” na versão galega), pequena cidade situada na Galícia/Espanha, com 10 mil habitantes, viajando pelo GoogleMaps. Descobri essa graciosa vila de pescadores, situada na desembocadura do Rio Minho, por acaso, enquanto explorava virtualmente a divisa entre o Norte de Portugal e a Galícia.
Uma singela orla que se fecha em um pequeno porto, conformado por uma baia, resguarda a vila da imensidão do Atlântico, a frente. Pouco mais ao sul está a ampla foz do Minho, onde em uma ilhota se destaca o Forte de São João da Ínsua, construído em 1392. No alto, o Castro Santa Trega, sitio arqueológico do Século I a.C, situado no monte de mesmo nome, de onde se vislumbram vistas espetaculares dessa paisagem.
Esse conjunto de características
e outras que só vim a conhecer presencialmente, contudo, não explicam
totalmente a atração que tive por aquele local no momento em que primeiro o
visitei na tela de um computador, a milhares de quilômetros dali, separados por
um imenso oceano.
A empatia com “La Guarda” foi
tanta que na mesma hora decidi que empreenderia uma viagem para lá, combinando
com uma visita a Porto/Portugal, distante 120 km dali. E assim foi feito. Em
setembro de 2013, após alguns dias em Porto, alugamos um carro com destino a La
Guarda.
Antes, fizemos uma estadia de dois dias em Viana do Castelo, objeto de outro relato de viagem. No dia 28/9/13 saímos cedo de Viana e em 30 minutos já estávamos na Praia de Caminha, na margem sul da foz do Minho. Ali paramos para comer uma deliciosa moela, preparada à moda portuguesa, em um simples e simpático restaurante local. Depois caminhamos até a areia e foi quando contemplamos pela primeira vez, emocionados, a beleza do Minho desembocando no Atlântico, o Forte de São João da Ínsua e La Guarda na outra margem.
Atravessamos a fronteira de Espanha e Portugal logo após o almoço e em mais 20 minutos chegamos no Hotel Convento San Benito, ex-monastério de freiras, fundado em 1558. No seu interior estão preservadas a capela, o claustro e uma biblioteca com exemplares do Sec. XVI.
Essas foram só as primeiras boas surpresas de La Guarda. À tarde passeamos pela orla, conhecemos o porto, o Museu del Mar e o paredão grafitado do dique que tem o poético nome de “A Guarda escrita nas estrelas”. Não por acaso a vila está no Caminho Português da Costa que leva à Santiago de Campostela, cuja origem do nome vem de Campus Stellae ("campo da estrela").
À noite jantamos em um dos restaurantes
da orla, cujas especialidades são os frutos do mar, com destaque para o arroz
com bogavantes (semelhante à lagosta). Mas o melhor arroz com bogavantes que
comemos foi em Baiona, cidade pouco mais ao norte.
No dia seguinte, bem cedo pela
manhã, fui andando por uma trilha margeando a orla até alcançar o estuário, na
chamada Punta de Santa Tegra. Pude admirar novamente a beleza da foz do Minho,
agora da outra margem. O desígnio de estar ali naquele local mágico havia se
cumprido.
No caminho de volta, fotografei algumas pichações. Em uma delas estava estava escrito: “Puede que mañana no sea otro dia”, subvertendo o dito original de que “amanhã será outro dia”. Na manhã seguinte partimos e já era outro dia.
Texto e fotos: Sergio Jatobá
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