BERGSPRÄNGARGRÄND (ESTOCOLMO)


 Descobrir lugares não programados no roteiro turístico é um dos meus prazeres em viagens. Em Estocolmo fomos acompanhar nossa nora, filho e neta a um passeio próximo à Igreja de Sofia no bairro de Södermalm. No meio do caminho passamos por um parque infantil e essa é uma atração “turística” irresistível para a nossa neta Flora. Por ali ficamos um bom tempo, enquanto ela se divertia com as crianças do local.

Depois de brincar com a neta e observar sem muita pressa a rotina dos moradores do bairro em um típico domingo, fui procurar a Igreja Sofia. A encontrei ao subir uma colina, conhecida como Montanhas Branca, no Parque Vita Bergen, a poucos metros dali.


A Igreja Sofia, inaugurada em 1907, é uma construção neoclássica, no estilo românico, projetada pelo arquiteto sueco Gustaf Hermansson. Com suas paredes em granito vermelho claro e telhados em cobre na cor verde é uma estrutura imponente, mas minha maior atenção se voltou para uma pequena rua não pavimentada com casas de madeira que vi ao descer a colina. 

Trata-se de Bergsprängargränd, uma vila histórica preservada, que já existia antes da criação do Parque Vita Bergen em 1888. As casas de madeira, pintadas em um tom vermelho escuro, são do século XIX, quando Södermalm era um bairro pobre, habitado por trabalhadores do porto e da área industrial de Soder. Algumas delas se conservam no estado original, sem serviços de água e esgotos, embora com eletricidade. 

O pequeno conjunto urbanos das casas de madeira é administrado pela AB Stadsholmen, uma empresa de habitação sem fins lucrativos,  ligada à municipalidade de Estocolmo, que faz a gestão de imóveis históricos e culturalmente valiosos na cidade.

O antigo bairro pobre de Södermalm atualmente é um local descolado e valorizado imobiliariamente, mas Bergsprängargränd, com suas casas simples e cerca de tábuas de jardins preserva os resquícios urbanos de Estocolmo. Me lembrei da Vila Planalto, Núcleo Bandeirante, Vila Paranoá, Candangolândia e do Museu Vivo da Memória Candanga, onde uma experiência semelhante poderia ajudar a preserva a memória das construções de madeira de Brasília, às vezes tão descuidada. 


Texto e Fotos: Sergio Ulisses Jatobá



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