HUNDERTWASSER HOUSE (VIENA)
Para quem não o conhece, Friedensreich Hundertwasser (1928-2000) foi um artista e arquiteto austríaco (nascido na Nova Zelândia), conhecido por suas pinturas multicoloridas e com formas orgâncias e por sua arquitetura de igual característica. E se na pintura esses elementos já chamavam a atenção, imagina em edifícios, que ficaram famosos pelas formas não retilíneas e cores nada discretas e se tornaram manifestos contra a arquitetura racionalista, típica do modernismo, que Hundertwasser rejeitava.
Pessoalmente,
nunca rejeitei o modernismo, que tem muitas qualidades arquitetônicas, dentre
elas a elegância das formas. Mas me impactei positivamente pela obra de Hundertwasser
desde a primeira vez a vi, ilustrando a capa de uma revista sobre habitação,
quando ainda estava na faculdade de arquitetura.
A
tela repleta de cores vivas parecia uma pintura abstrata, mas apresentava
desenhos estilizados de casas e pessoas, tendo ao fundo uma trama que simulava
um loteamento. Na verdade, lembrava um grafite dos que se vê frequentemente nas
áreas urbanas, mas na década de 1970 era raro. E com a mesma força
representativa da arte urbana.
Assim
como sua pintura, a arquitetura de Hundertwasser é inusitada e provoca
agradável surpresa. Em Viena um dos lugares turísticos interessantes,
especialmente para arquitetos, é a Hundertwasser House (projeto em co-autoria
com Joseph Krawina), edifício de habitação que se parece em um primeiro
momento, com uma obra de Gaudí, porém com mais cores.
Para chegar a ela, percorremos algumas ruas próximas, nas quais predomina o estilo sóbrio da arquitetura neoclássica. De repente, nos deparamos com uma fachada que em tudo destoa daquela sobriedade. Além das cores fortes, janelas e formas irregulares, elementos decorativos lúdicos e muita vegetação, arbustos e mesmo árvores em tetos e varandas verdes.
Hundertwasser já era ecologista muito antes disso se tornar moda. Hoje em dia o discurso ecológico é um “agregador de valor” para vender imóvel e mesmo a Hundertwasser House que foi projetada para ser habitação de interesse social certamente não é o mais, em razão da valorização imobiliária. Contudo, o manifesto de Hundertwasser por uma arquitetura não impessoal e integrada à natureza ainda é muito válido.
Texto e Fotos : Sergio Jatobá
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