CAIS DO SERTÃO (RECIFE)
O Centro Cultural Cais do Sertão localiza-se junto ao Marco Zero na cidade do Recife e é fruto da reabilitação de uma área do antigo Porto.
Foi projetado pela BrasilArquitetura, sociedade entre os arquitetos Marcelo Ferraz, Francisco Fanucci e
Pedro Del Guerra. Ferraz foi colaborador próximo de Lina Bo Bardi e com ela
projetou, com a participação de Marcelo Suzuki, obras como a do Sesc Pompeia.
A Brasil Arquitetura tem
projetos premiados como a Praça das Artes no centro de São Paulo, o Bairro
Amarelo em Berlim e o Museu Rodin Bahia. O escritório é considerado um dos mais
importante na Arquitetura contemporânea brasileira.
O conjunto, inaugurado em 2018, é composto pelo Museu em homenagem à Luiz Gonzaga e à arte e cultura do sertão nordestino, um restaurante no terraço e áreas de convívio, como a do vão central de 65 metros, claramente inspirado no MASP.
Entretanto, a beleza
arquitetônica e seu sentido simbólico e poético de promover a aproximação do
sertão com o mar estão ameaçados. O museu, com menos de 2 anos de inauguração,
já está fechado; a estrutura metálica do elemento vazado da fachada apresenta
sinais de ferrugem e corrosão, a edificação se deteriora, como outros
monumentos culturais no Brasil.
Infelizmente não é só ela que
degrada ali. Todo o conjunto urbano do Porto Digital, implantado a partir de
2000, aliando a criação de um polo tecnológico com a reabilitação urbana do
bairro do Recife Antigo, parece estar progressivamente perdendo o brilho que
teve até há alguns anos.
Já vi esse filme triste em
outros lugares culturalmente importantes para o país, repetindo o fatídico “voo
de galinha” de iniciativas semelhantes. Por que não conseguimos criar o círculo
virtuoso que encadeia cultura, economia, turismo e boa qualidade, que dá certo
em outros países, e voltamos sempre ao círculo vicioso da degradação?
Que o Cais do Sertão não se
transforme no caos do sertão.
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